E quando é preciso dobrar o que já foi dobrado?

A história da Mina sempre foi uma história de briga, de braveza. De lutar com todas as forças pela vida desde o começo.

Na ultra em que descobrimos que a gravidez era dupla, também nos disseram para não nos apegarmos pois “dificilmente iria vingar.” O líquido na placenta era pouco e o prognóstico de recuperação era bastante negativo. Felizmente, uma doula – amiga da minha irmã – deu uma dica que mostrou-se efetiva. E a pequena bebê-ninja cresceu num ritmo quase tão bom quanto o da irmã. Até o sétimo mês, quando a situação se complicou de novo. Além da placenta baixa, ela passou a perder peso e eu entrei no quadro de pré-eclampsia. A bebê estava em sofrimento fetal e a cesárea de urgência aconteceu.

Menos de 1,5kg, em contraste com os 2,1kg da irmã. 45 dias em uma UTI neonatal, enquanto a irmã passou 12. Dificuldade de se adaptar à fórmula – e sem pegar o peito, por medo de uma possível intolerância. Saiu da incubadora e voltou por duas vezes. Não foi fácil.

Quando saiu, demorou para que nos acostumássemos a uma criaturinha tão pequena e frágil. Mas o tempo passou, nos acostumamos, a vida mudou várias e várias vezes, e ela não só vingou, como se vingou de quem não acreditava nela.

Mas havia uma sombra. Uma guerra deixa cicatrizes. E uma batalha tão grande provavelmente poderia ter deixado marcas na nossa bacana. Observávamos os movimentos dela com atenção, procurando sinais dessa batalha.

Aos poucos, eles foram aparecendo. Uma mão que não se curvava, um comportamento que se repetia, a fala que não vinha.

E a irmã a frente.

Dez dias atrás, recebemos mais um sinal. Dessa vez, foi a médica que as acompanha desde o nascimento que as observou e depois, quando elas se acalmaram – elas odeiam ir ao médico – me falou de forma direta: vamos ter que fazer vários exames, mas acredito que a Mina possa estar no espectro autista.

Meu chão ruiu. Ainda está ruindo e se reconstruindo aos poucos. Não é uma notícia fácil, mesmo em 2018, mesmo com os avanços que tivemos enquanto sociedade para acolher quem está fora do padrão.

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E por isso voltei – e vou voltar – a aparecer mais por aqui. E teremos mais vídeos.

Não é certo ainda. Tudo é incerto. Mas preciso desabafar e dividir esse peso, esse caminho.

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A mãe e o monstro

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Virei um monstro.
Mas foi em legítima defesa da pele de Sofia.
Ela chora, um chorinho só, sem continuidade. Quase entre um lamento e um gemido. Para logo, então nem me atrevo a entrar no quarto onde as duas dormem. Afinal, não se mexe em quem está quieto é meu novo lema de vida.
Poucos minutos depois, a mesma coisa. Dessa vez, entro. É a casa nova do pai, quarto novo ainda não montado completamente, ela pode estar estranhando. Nada. Ela está dormindo, o único sinal de desgosto é um franzir de lábios, quase imperceptível para qualquer outra pessoa.
Não para mim.
Mesmo contrariando meus instintos e meu lema, acendi a luz. Vasculhei o quarto, apertando os olhos, sem sucesso.
Voltei pra sala, inconformada. O pai ainda aventou a possibilidade de ser um pesadelo – afinal, bebês tem pesadelos terríveis, segundo um artigo que li. E olha, quem não teria, ao ser exposto de repente a esse mundo louco, cheio de barulho, luzes e cheiros? Tenho 39 anos e acho que ainda não me acostumei, imagine elas.
Eu sabia que não tinha sido um pesadelo. Conheço os gritos das minhas filhas – já os ouvi bastante – e sei quando gritam de dor.
Fico de prontidão no corredor, atenta ao menor ruído. E dessa vez, quando Sofia começa a gemer, eu já estou no quarto, luz acesa, procurando o inimigo.
Vejo quase imediatamente. Uma mancha escura no rosto delicado da minha filha!
Uma mancha com asas e pernas! Uma mancha BEM GORDINHA DE TANTO PICAR MEU POBRE BEBÊ!
Sim, um mosquito. Passados os primeiros 5 segundos de pânico – tem manchas brancas? Será que é o aedes? – verifico que é daqueles mosquitos comuns, sem as tais manchas. Ele – ou ela? Acho que li em algum lugar que mosquitos-fêmea são os que mordem – está tão inchado que não consegue voar. Controlo toda a minha fúria e delicadamente pouso a mão na bochecha (QUE SÓ EU POSSO MORDER), conseguindo tirar aquele ser horrendo sem acordar minha pequena indefesa.
Quero arrancar aquelas patas nojentas uma por uma. Puxar as asas bem lentamente para torturar aquela criatura nefasta. Depois, empalá-lo com um alfinete para que morra devagar, para que seus últimos pensamentos sejam de arrependimento por ter incomodado a filha da pessoa errada.
Aí eu penso na sujeira que vai ser, com aquele bucho cheio de sangue (DO MEU POBRE BEBÊ). Satisfaço minha fúria afogando o mosquito na pia e olhando com prazer quando o inseto desce pelo ralo.
Dia seguinte, o rostinho de Sofia tem marcas inchadas e feias. Fico a chamando de ‘fast food de borrachudo’ e morrendo de vontade de matar aquele miserável mais umas cinco vezes.
Mina? Não tem uma marca de mordida de mosquito e dá risadinhas debochadas quando a irmã choraminga por causa da coceira.

A linguagem secreta dos passarinhos

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Sofia e Mina tem um ano já. Ainda não falam, mas já começam a brincar com sons e sílabas. “Papapapapa” e “Mãmãmãmã” que nós traduzimos como “papai” e “mamãe”, mas que provavelmente querem dizer “que saco” e “tô com fome”.

Posso não ter certeza do que elas falam, só que uma coisa eu sei: elas se entendem. Uma trina, a outra estrila, as duas riem. Sofia sai correndo (engatinhando). Mina grita e vai atrás. Quando alcança a irmã, grita de novo e volta para onde saiu. E Sofia? Ri e segue a irmã.

Sofia dorme no berço. Mina está na cama comigo, brincando com as mãozinhas enquanto eu tento ler. A loura acorda, choramingando. Mais do que depressa, Mina balança os cachinhos, dá dois gritinhos e sai correndo na direção da irmã; sorte que sou rápida e impeço que a tentativa de resgate acabe em tragédia.

Mina ri quando está no colo de alguém e Sofia chega perto. Sofia passa a mão no cabelo da pequena, arrulhando, encantada com os cachinhos. Riem uma para outra quando estão distraídas e se veem. E, claro, Sofia entra na frente de Mina e ganha uns berros pra deixar de ser abusada.

Dizem que gêmeos acabam criando uma forma de se comunicar exclusiva para eles. Vendo minhas pequenas, que gritam e trinam como se fossem passarinhos, acho que talvez já nasçam conhecendo uma linguagem secreta, que é abastecida diariamente com amor e carinho entre elas.

Vídeo – A reação

Oi, pessoal!

Demoramos a começar por aqui, mas o motivo é legítimo.

Nossas meninas se adiantaram muito e já nasceram – com 33 semanas de gestação. A vida ficou confusa, mas não desistimos de compartilhar nossas aventuras com vocês.

Fiquem então com nosso primeiro vídeo, gravado quando elas ainda estavam na minha barriga.

(Se quiserem dar um presente para as nossas meninas, a lista ainda está no ar!)

[Ana]

Começando…

Sejam todos bem-vindos!

Esse blog é para compartilhar as sensações, novidades e sobressaltos da nossa gravidez inesperada… de gêmeas! Vai ter textos, vídeos e ilustrações sempre que tivermos um tempinho – que daqui a pouco vai ficar escasso, pois elas chegam em breve!

O primeiro vídeo já está gravado, estamos preparando para colocá-lo no ar. Para ter certeza de que não vai perdê-lo, siga já o nosso canal no Youtube e/ou nossa página no Facebook!

(Quer dar um presente para as meninas? Temos uma lista de presentes! Fraldas sempre serão bem-vindas… em dobro!)